Apresentação

Por Romildo Almeida
Este espaço na web destina-se a divulgar e compartilhar a nossa experiência na gestão da cadeia de suprimentos de materiais MRO, com todos os profissionais e pessoas interessadas nesta área. Esta divulgação se dará através de postagens, mensagens, artigos técnicos e apresentações dinâmicas acopladas ao blog.

Vamos apresentar desde conceitos básicos, até as mais novas tecnologias aplicadas no mundo, inclusive algumas ainda inéditas no Brasil. Pretendemos inclusive quebrar alguns paradigmas sobre a matéria.

Temos acesso aos mais renomados consultores de nível internacional, o que nos credencia a tratar este assunto de forma extremamente embasada e profissional.

É de suma importância, ainda, a participação de todos vocês neste processo, através de comentários, críticas ou sugestões. A troca de experiências é essencial para o crescimento profissional de todos nós.

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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Os Números Mágicos


Desde a década de 50 o mundo corporativo, especialmente do segmento industrial, já adotava as atuais e convencionais técnicas de previsão de demanda e de cálculo de parâmetros de estoque (estoque de segurança, ponto de resuprimento, lote de compra e estoque máximo). Tanto uma quanto a outra já são “velhas” conhecidas dos profissionais da área de suprimentos, mas vamos relembrá-las:

A Técnica da Previsão de Demanda

Fazer previsões nunca foi uma tarefa fácil para ninguém, mas qualquer gestor, goste ou não goste, tem que encarar este desafio cotidianamente. Na área de suprimentos então essa atividade é de crucial importância, talvez aquela que determina o sucesso ou fracasso de sua administração.

No “mundo” MRO existem diferentes comportamentos da demanda dos materiais, que vão de uma expressiva frequência de ocorrência até nenhuma ocorrência no período avaliado. É um verdadeiro mundo das incertezas, estatisticamente conhecido como Estocástico.

Considerando isso percebemos que a grande maioria dos gestores de MRO, quando imbuídos de prever a demanda dos materiais, comete um erro clássico em não estimar também a dispersão associada a esta demanda. Outro problema é achar que apenas doze meses de série histórica são suficientes para projetar a demanda futura.

A previsão e dispersão da demanda são medidas muito importantes para o cálculo dos parâmetros de estoque, como veremos no próximo tópico.

A Técnica de Parametrização

Estimada a demanda futura (nunca se esquecendo da dispersão associada) é possível partir para calcular os famosos parâmetros de dimensionamento dos estoques: Estoque de Segurança ou Mínimo, Ponto de Abastecimento ou Ressuprimento, Lote de Compra ou Quantidade a Ressuprir e Estoque Máximo. Na sequencia vamos falar um pouco sobre cada um deles.

Estoque de segurança ou Mínimo

Este parâmetro, como o próprio nome sugere, é uma “gordura” que tem como propósito garantir o atendimento das necessidades de materiais caso algum problema aconteça durante o abastecimento. Por exemplo: demanda atípica, atraso na emissão da solicitação de compra, atraso na emissão do pedido de compra, atraso na fabricação ou transporte etc. Geralmente é encarado como um “mal necessário”.

O algoritmo mais usual para o cálculo desse parâmetro é o produto de um fator de segurança a pela demanda durante o lead time do material. Geralmente este fator de segurança está associado ao impacto da falta do material ou pela dispersão da sua demanda.

Ponto de Abastecimento ou Ressuprimento

Tem como propósito o “disparo” do processo de abastecimento do material. Portanto deve estar dimensionado para atender ao prazo de entrega do fornecedor contratado. Devem-se adicionar a este prazo os tempos internos: de processamento do pedido de compra etc. e externos à contratação: transporte, inspeção etc.

O algoritmo usual para o seu cálculo é o produto de leadtime (tempo de ressuprimento) pelo consumo médio mensal, acrescido do estoque de segurança estabelecido para o material (caso haja).

Lote de Compra ou Quantidade a Ressuprir

É muito importante que se estabeleça a quantidade de peças que deve ser adquirida a cada abastecimento. Esta quantidade pode ser dimensionada de diversas maneiras, mas todas as técnicas levam em consideração as políticas de estoques e compras da empresa. Geralmente relaciona-se o dimensionamento do lote ao valor do material adquirido. Caso o material seja relativamente caro tem-se esse lote menor dimensionado e vice versa. Outro aspecto é quanto ao tamanho físico do lote. Caso este ocupe uma área de armazenagem muito grande recomenda-se que o lote seja pequeno, mesmo que isso implique em uma maior frequência de entregas.

Dentre todas as técnicas convencionais a mais assertiva e recomendada por estudiosos no assunto é o lote econômico de compras (LEC), porém a técnica é pouco utilizada, já que a maioria das empresas não tem precisamente aferida duas variáveis fundamentais para o seu cálculo: os custos de aquisição e de armazenagem.

Estoque Máximo

Nada mais que a derivação dos demais parâmetros. Geralmente calculado pela soma do ponto de abastecimento e do lote de compra, embora alguns autores prefiram nomeá-lo com estoque potencial. Para eles o estoque máximo seria a soma do estoque de segurança e do lote de compra, conceituação na qual compartilho.

E essa técnica convencional funciona?

Já se mostrou bastante ineficiente quando a demanda dos itens é muito errática ou intermitente. Até que funciona bem para aqueles itens que tenham uma demanda contínua ou frequente e que tenham uma dispersão baixa, embora as técnicas modernas façam severas críticas até nesses casos (vamos ver o porquê disso depois).

Considerando que a principal característica dos materiais MRO é a intermitência e alta dispersão da demanda, fiquem muito espertos e atentos ao usar esta técnica. Se usá-la de forma indiscriminada vocês estarão incorrendo em dois sérios riscos: (1) de estar superdimensionando seus estoques ou (2) de estar comprometendo a disponibilidade ou continuidade operacional da sua empresa. Ou seja, gerando um significativo desbalanceamento dos seus estoques.

Existe alguma técnica mais moderna, que funcione melhor?

Existe sim, mas antes de entrarmos nesse ponto vale a pena falarmos um pouco sobre os motivos que levaram um determinado país a desenvolver técnicas mais aprimoradas para o dimensionamento dos estoques.

Um pouco de história

Com o advento das guerras modernas, como a do Iraque, e da necessidade cada vez maior de assegurar “velhas parcerias” junto aos países produtores de insumos fundamentais (petróleo principalmente), os EUA investem cada vez mais em aparatos bélicos distantes do seu território, incorrendo necessariamente em custos logísticos astronômicos. Concluiu-se que algo deveria ser feito para minimizar esses gastos, pois já estariam muito próximos do limite da sua inviabilidade econômica.

Dentre as diversas ações planejadas para contenção de gastos destacamos a redução substancial dos custos de estoques em seus almoxarifados satélites (localizados nas suas diversas bases espalhadas pelo mundo).

Foram contratados renomados cientistas em todo o mundo, que estudaram uma melhor maneira de dimensionar os estoques sem comprometer operacionalmente essas bases (o que seria uma catástrofe). Surgiu assim uma nova técnica surpreendente, chamada de CWBO - Cost Weighted Backorders, com resultados fantásticos (reduções de 30 a 40% do inventário para um mesmo nível de atendimento).

Vamos detalhar esta técnica em nosso próximo artigo. Não percam!

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